O que vou dizer, talvez irrite algumas pessoas, mas há tempos isso tem agoniado o meu coração, e preciso falar sobre isso. Estava assistindo ao filme A Fera (2011), uma adaptação moderna do clássico A Bela e a Fera, e refleti sobre o quanto as pessoas têm sido más umas com as outras por causa da aparência, especialmente na hora de escolher alguém para se relacionar.
No filme, o personagem Kyle Kingson (Alex Pettyfer) é um jovem extremamente arrogante, para ele, a aparência das pessoas era o que mais importava. Até que um dia, uma bruxa chamada Kendra Hilferty (Mary-Kate Olsen) lança um feitiço sobre ele, após ser humilhada publicamente por causa da sua aparência, em uma festa escolar. O feitiço o transforma em um “monstro”, e pode ser desfeito somente, quando alguém o amar pelo que ele é, e não pela aparência. Kyle então precisa aprender a se colocar no lugar dos outros.
Com o passar do tempo, ele se isola em casa durante o dia, por ordens de seu pai e sai somente à noite. Durante a noite de Halloween, ele decide sair, afinal, todos estão fantasiados, e ele passaria despercebido com sua aparência "diferente". Ele então que vê sua namorada, e seu melhor amigo, o traindo durante a festa e falando mal dele. No mesmo instante, Lindy Taylor (Vanessa Hudgens) esbarra nele, e observa a mesma cena de traição. Sem reconhecê-lo Lindy comenta sobre, como os relacionamentos hoje em dia, são rasos e vazios, e completou dizendo, que gostaria de viver um amor “à moda antiga”, com cartas e gestos sinceros.
Depois disso, Kyle passa a observar Lindy, e percebe o quanto havia sido tolo por não notar, a garota incrível que sempre estivera por perto na escola. Certo dia, Lindy corre perigo por causa de seu pai, que era usuário de drogas. Após o pai dela matar um traficante, o irmão do homem jura vingança, prometendo matar Lindy. Ao presenciar toda a situação, Kyle obriga o pai da garota a deixá-la em sua casa, até que esteja segura. Nesse tempo, Kyle se apaixona por Lindy e vê na situação uma chance de conquistar seu amor e, assim, quebrar o feitiço.
O início da convivência é difícil, e Kyle chega a procurar Kendra pedindo que desfaça o feitiço. Ela explica que, além de precisar ser amado de verdade, ele deveria aprender a se importar com as pessoas, e não apenas consigo mesmo.
Com o tempo, Kyle desenvolve empatia por seu professor cego, sua empregada e por Lindy. Para sua surpresa, descobre que Lindy sempre o amou, mesmo ele tendo sido arrogante e egoísta. No final, ela declara seu amor, o feitiço é quebrado e Kyle volta à sua aparência normal.
Outro exemplo de amor além das aparências, é em Beleza Verdadeira (2020), de Lee Su-ho (Cha Eun-woo) por Lim Joo-kyung (Moon Ga-young), uma adolescente com gostos diferentes, das demais meninas de sua idade, que sofria bullying por causa da acne e de sua aparência peculiar. Em um momento de desespero, Joo-kyung tenta cometer suicídio, mas é salva por Su-ho.
Depois disso, ela aprende a se maquiar, e muda completamente sua aparência. Ao trocar de escola, ninguém a vê sem maquiagem, exceto Su-ho, que, além de tê-la salvado, frequenta a mesma locadora de quadrinhos que a mesma, e logo a reconhece.
Certo dia, as valentonas de sua antiga escola, juntamente com as de sua nova, descobrem seu segredo e se unem para expô-la nas redes sociais. A exposição causa uma grande reviravolta na vida de Joo-kyung, ela fica deprimida e com medo de voltar à escola, pois muitos passam a julgá-la online.
Em meio a toda essa confusão, ela descobre que seus amigos a amam de verdade, e que a defenderam enquanto esteve afastada da escola, especialmente Han Seo-jun (Hwang In-yeop), que fez de tudo para que o conteúdo de cyberbullying fosse apagado. A partir daí, Joo-kyung aprende a se amar do jeito que é, sem precisar se esconder atrás de uma maquiagem. Para Joo-kyung, a maquiagem se tornou um acessório, e sua profissão, e não mais uma camuflagem de defesa.
Eu poderia continuar aqui listando, outros exemplos de filmes como Shrek (2001), A Bela e a Fera (1991) ou novelas como A Feia Mais Bela (2006) e Bela, a Feia (2009). Produções que nos ensinam uma linda lição sobre o amor além das aparências.
Mas por que, na ficção, isso parece tão fácil, e na vida real somos tão superficiais? Por que pessoas que não pertencem, aos “padrões de beleza” da sociedade (mesmo sofrendo rejeição), acabam repetindo o mesmo erro com outras pessoas?
Sabe, eu sempre fui a “rejeitada” da turma. Era magra demais, não me maquiava e era a típica nerd. Até mesmo os nerds, preferiam as meninas com “padrões de beleza” específicos, e rejeitavam as nerds. Desde muito cedo, tive que lidar com um padrão que nunca quis seguir. Tive que lidar com a rejeição, e com o complexo de inferioridade. Tudo o que eu queria aos 12 anos, era ouvir minhas músicas favoritas, e ler um bom livro. Mas eu precisava encarar o inferno de ter minha aparência, comparada à de outras meninas. Os meninos da turma eram cruéis, e faziam questão de jogar isso na minha cara todos os dias.
Dentro de casa, eu ainda sofria pressão para me vestir como uma “mocinha”. Usar tênis, por exemplo, era algo fora de cogitação em alguns "looks mocinha". Comecei a me sentir mal com meu corpo, por ter o peito menor que o das outras meninas. E o menino de quem eu gostava (também nerd), dizia abertamente que preferia uma menina “gostosa”, mesmo ele não sendo um garoto “padrão” na época. Eu idealizava que os nerds deveriam ser unidos, mas percebi que até ali havia padrões.
Adolescentes de 12 a 17 anos, eu até entendo um pouco esse pensamento, pois nessa fase tudo gira em torno da aparência. Mas, observando os adultos de 30 anos ou mais, percebi por que geração, após geração, os adolescentes continuam os mesmos: porque os adultos não amadurecem emocionalmente.
Homens continuam, preferindo meninas novas (ainda farei um texto só sobre isso), pois segundo muitos deles, o “auge” de uma mulher é entre os 13 e os 25 anos. Passou disso, “não presta mais” e “fica feia”.
As mulheres, em grande parte, preferem homens musculosos, e com bens materiais, como se isso garantisse status e segurança.
Não estou generalizando, nem dizendo que as pessoas não devam observar o físico, ou o propósito de vida do outro, mas o problema de muitos, é ser tão vazios que, escolhem parceiros pela aparência, ou pelo dinheiro.
Certo dia, meu esposo e eu ouvimos de uma mulher, que ela gosta somente, de homens musculosos e ricos, sendo que ela própria é bem-sucedida, tem seu dinheiro, e um histórico de relacionamentos, com homens sem caráter. Quase todos a traíram, e ainda assim ela mantém, o mesmo padrão de escolha, ainda deu a entender, que eu poderia ser traída, mesmo meu marido, não escondendo nada de mim, pois o dela a traiu, mesmo ela tendo acesso ao celular dele.
Não estou dizendo, que não devemos olhar o exterior da pessoa, mas isso não é tudo, minha gente! Às vezes, alguém com uma beleza “padronizada” pode não ter bom caráter, enquanto uma pessoa com uma "beleza comum", pode ter a bondade e a pureza de coração, que você tanto procura.
É por isso que, nos dias atuais, vemos tantas pessoas machucadas, feridas e passando anos sozinhas, porque olham e focam tanto no exterior, que esquecem o mais importante, O CARÁTER.
O profeta Samuel, quando foi procurar o novo rei, buscava alguém forte, musculoso, grande e viril. Contudo, Deus queria o improvável. Ele escolheu o franzino, o pequeno, o esquecido e o rejeitado. Com isso, Deus nos mostra que o que existe dentro, é o mais importante, e que Ele escolhe as pessoas mais improváveis para realizar coisas extraordinárias.
O esquecido costuma ser aquele que foge dos holofotes, pois são pessoas constantemente rejeitadas, por quem acima deles. Ao mesmo tempo, os "esquecidos" observam, o processo de quem vive no centro da atenção, e quase sempre veem a ganância e o ego destruírem essas pessoas. Normalmente, os “pequeninos” só querem viver em paz e ser felizes com suas escolhas, sejam elas pequenas ou grandes.
Kyle, do filme A Fera, nos deixa exemplos claros, de até onde o ego pode nos levar. Ele teve que perder tudo, para descobrir o verdadeiro significado do amor. O amor verdadeiro, jamais vai lhe tratar mal por causa de seus defeitos.
Lembre-se: o corpo envelhece e tudo é passageiro. No final da vida de um casal, o que realmente resta é o amor e o companheirismo!

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