DRE LUIZA | CARTA ABERTA: PEDIDO DE DESCULPAS

Bom, como alguns sabem, há alguns anos venho travando uma batalha com minha mãe — uma batalha que eu não comecei e que quero que termine.

Tudo isso começou quando resolvi dar meu grito de liberdade aos 23 anos. Sempre fui uma filha dedicada — meus irmãos, minhas tias, meu marido, o pai e os avós do meu irmão caçula podem confirmar isso. Eu entregava todo o meu salário para casa, não ficava com nada, e mesmo assim era espancada, humilhada e xingada com os piores nomes possíveis.

O ponto chave desta carta não é contar tudo o que sofri, mas sim pedir desculpas a algumas pessoas. Eu poderia ir diretamente a elas? Sim, mas algumas não tenho contato ou não sei onde moram, e outras situações são delicadas demais para que eu possa procurá-las. Por isso esta carta aberta, e peço que compartilhem se conhecerem alguém que já conviveu comigo e hoje não convive mais.

Minha mãe me obrigava a me afastar de pessoas que ela julgava serem más influências para mim. Se a pessoa tinha namorado, se os pais dela davam liberdade para conversar e fazer questionamentos simples, se podia ir ao cinema sozinha, viajar para fora do estado sozinha na casa dos 20 anos, ou morar sozinha nessa idade — todas essas pessoas eram consideradas “más influências” para mim, segundo a concepção da minha mãe.

Fui obrigada a desfazer amizades boas porque minha mãe as considerava más influências. Pessoas de bem, que amam, zelam e respeitam seus pais, mas que, se tinham liberdade, especialmente depois dos 18 anos, não prestavam para ser minhas amigas ou namoradas. Peço desculpas se um dia rompi a amizade com você do nada, se fui grossa ou te virei as costas sem motivo aparente — eu simplesmente era programada para ser “a filha perfeita”.

Aos rapazes que um dia me pediram em namoro e que minha mãe já ofendeu, peço desculpas (apesar de alguns terem sido babacas comigo). Lamento muito que alguns de vocês tenham escutado coisas injustas sem direito a se defender. Peço desculpas em especial a um rapaz que minha mãe taxou como um grande vilão, mas que na verdade era apenas um adolescente. Me desculpe por ter sido rude inúmeras vezes com você, mesmo depois de casada, quando ainda nutria essa ideia errada sobre você dentro de mim. Foi conversando com meu esposo que consegui colocar todos os pingos nos “is” quanto ao passado. Tive que me resolver comigo mesma para entender que muita coisa foram meras narrativas da minha mãe — narrativas que meu esposo também foi, e ainda é, vítima.

Ainda sobre esse rapaz da adolescência, peço desculpas à sua mãe, pois entendo que, como mãe, ela tenha ficado muito magoada ouvindo áudios de uma pessoa surtada falando mal de seu filho de 17 anos. Eu era apenas uma menina de 16, programada para seguir minha mãe cegamente — até contra meu pai fui injusta, e só percebi isso quase dois anos após sua morte, a qual lamento profundamente, e queria ter tido mais uma chance para me desculpar com ele.

Levei anos para me desintoxicar de todo o narcisismo que vivi em casa. Sabe a Rapunzel de Enrolados? Era exatamente ali que eu vivia. Meu esposo, de certa forma, me salvou disso; ele segurou minhas mãos, não desistiu de mim quando fui obrigada a terminar com ele, e me pediu em casamento mesmo com todas as acusações que sofria. Com ele, aprendi o verdadeiro significado de 1 Coríntios 13:7, que diz: “O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Foi ali que entendi que ele era meu futuro esposo, e que todos os outros que desistiram simplesmente não estavam destinados a essa luta — essa luta era para meu esposo Lucas. Ninguém é fracassado ou covarde por isso; tudo ocorreu segundo a vontade de Deus. A cada desistência, Deus me deu sonhos mostrando coisas que só entendi anos depois. Doeu, mas isso tudo me forjou.

Um dos motivos para não procurar algumas pessoas diretamente é justamente o grau que nosso relacionamento chegou. Hoje sou casada e não quero que haja equívocos que possam magoar meu esposo. Abaixo de Deus, meu casamento vem em primeiro lugar, e jamais quero fazer algo que machuque meu marido.

Mais uma vez, peço mil perdões a todos que, direta ou indiretamente, magoei para fazer a vontade da minha mãe. Nunca mais vocês verão tal ato da minha parte. Hoje sou livre. Essa liberdade me custou a paz com minha mãe, mas eu não podia mais machucar pessoas e desagradar a Jesus para agradar a ela. Espero, de coração, que minha mãe um dia reconheça seus erros e peça perdão a todos.

Mais uma vez, peço desculpas.

Que a paz de Cristo esteja com todos vocês.🤍✨️

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